Quem tem cachorro em casa sabe como é: tem aquela visita que mal pisa no portão e já vira alvo de latidos, enquanto outras pessoas entram e saem sem o menor sinal de desconfiança. Mas afinal, por que os cães escolhem quem merece um “alerta sonoro” e quem passa ileso?

Segundo especialistas em etologia – a ciência que estuda o comportamento animal – não é só o cheiro ou a aparência que os cães percebem. Eles são verdadeiras antenas vivas, captando sinais que a gente, muitas vezes, nem nota.

Os cães sentem o que a gente não vê

Quando seu cachorro late para alguém, pode ter certeza: ele está reagindo a sinais sutis. A lista de fatores é grande: postura corporal, tom de voz, energia da pessoa e até as expressões faciais.

Aquela pessoa que chega mais tensa, com movimentos bruscos ou com um tom de voz diferente pode ser interpretada como uma ameaça. Mesmo que a visita seja simpática, se o cachorro captar algo fora do padrão que ele considera seguro, o alerta vai soar. E isso acontece principalmente com cães pouco socializados, que têm uma necessidade maior de proteger o território e os tutores.

Socialização é a chave para mudar esse comportamento

Se você tem um cachorro que late para qualquer um que passa, a boa notícia é que dá pra trabalhar isso com socialização. O ideal é começar cedo, entre as 3 e 14 semanas de vida, mas mesmo os cães adultos podem aprender a reagir de forma mais tranquila a pessoas diferentes.

O processo é simples, mas exige paciência:

  • Apresente o cão a diferentes tipos de pessoas, incluindo homens, mulheres, crianças, idosos e até gente usando chapéu, óculos ou bengala.
  • Leve o cachorro para conhecer ambientes novos, mas sempre de forma gradual e positiva.
  • Nunca force o contato. Use petiscos, carinho e elogios para reforçar o comportamento calmo.
  • Antes da chegada de visitas, leve o cão para passear ou brinque com ele. Cão cansado é cão mais tranquilo.
  • Mantenha a casa em clima de paz: nada de música alta, gritaria ou confusão.
  • Você também precisa estar calmo. Os cães são especialistas em sentir o nosso estado emocional. Se você estiver nervoso, ele também vai ficar.
  • Oriente os visitantes: nos primeiros minutos, é melhor ignorar o cão, sem contato direto ou olhares fixos.

Latido não é birra, é comunicação

O latido, nesses casos, é só o jeito que o cão encontrou de dizer: “Ei, tem algo estranho aqui!”. Por trás de cada reação tem um motivo que faz sentido na cabecinha dele, mesmo que pra gente pareça exagero.

Por isso, mais do que brigar ou tentar calar o cachorro à força, vale entender o que está por trás do comportamento e trabalhar de forma positiva.

Com o tempo, paciência e as estratégias certas, dá pra transformar aquele cachorro desconfiado em um anfitrião muito mais sociável. E o melhor: sem abrir mão do instinto de proteção que faz parte da natureza dele.

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